A Derrota dos Super-Heróis (Porque Não Precisamos de Heróis Gays)

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   Você já deve saber que a Marvel promove este mês o “casamento” gay entre Estrela Polar e o seu namorado, Kyle.
   A DC respondeu transformando o primeiro Lanterna Verde, Alan Scott, em homossexual. Com uma apelação desse nível, as editoras conseguiram atenção da mídia não especializada em quadrinhos e as revistas provavelmente vão vender mais do que a média. Missão cumprida?
   A justificativa absurda é que essas atitudes “refletem a realidade” do mundo atual, então os super-heróis supostamente deveriam incluir uma “diversidade”.
   Não apoio esse tipo de atitude. Primeiro porque é um engodo, o objetivo é obviamente comercial, mas principalmente porque isso é uma distorção do conceito.
QUAL FOI A REAÇÃO DA MÍDIA?
   Os articulistas receberam a notícia com alegria, a maioria comemorou e repetiu os velhos clichês do politicamente correto de diversidade e blá blá blá. Ninguém teve a coragem de criticar essa aberração: chegamos ao ponto de ter gente comparando a situação dos gays de hoje com aquela que os negros passaram — supostamente os gays deveriam ser representados nos gibis porque são discriminados como os negros eram até uns cinquenta anos atrás — e essa representação positiva dos gays ajudaria a acabar com a discriminação deles.
   QUE GRANDE BOBAGEM!!!
   Gay não é raça, comparar gays a negros é uma ofensa ao movimento dos direitos civis americanos e a Martin Luther King, que era cristão, e mesmo uma ofensa a muitos negros, que são cristãos.
   Outra coisa repetida foi que essas histórias refletem a realidade, gays existem em todo lugar e por isso devem estar entre os super-heróis.
   Na minha visão isso não reflete realidade nenhuma: os gays são minoria e os super-heróis não tratam da realidade, são histórias de fantasia sem compromisso com o real.
   Que elas refletem a conjuntura de uma época é verdade, muitos momentos históricos se projetaram naturalmente nos quadrinhos, a Segunda Guerra Mundial, a Guerra Fria, etc., mas isso ocorreu naturalmente, não através de jogadas de marketing primitivo.
   Além disso, os quadrinhos não tem essa obrigação, se eles espontaneamente mostram questões do nosso tempo, como qualquer forma de comunicação, os autores não precisam forçar o processo e, de todo jeito, nosso mundo não tem essa inclinação que se pretende representar como sendo a atual realidade: aqui e ali, em alguns países com governos progressistas, a questão dos gays vem sendo imposta como pauta de discussão, isso é um plano político e não um fenômeno cultural espontâneo.
   Na verdade, o tal casamento gay da Marvel reflete aquilo que determinadas pessoas e organizações querem que seja a realidade e se destina a manipulação da visão de mundo dos leitores: esse quadrinho é panfletário e baseado em uma ideologia… não em uma realidade!
   Outra reação estúpida foi a conformidade: muitos críticos disseram que apenas devemos aceitar tudo isso… mas, em nome da inteligência, essa é a afirmação mais idiota que existe!!!
   Não temos que aceitar nada! Quem aceita coisas assim são as ovelhinhas que já foram manipuladas!
   A maior parte dos leitores é contra e questionou: porque a DC não criou um personagem novo em vez de pegar um ícone consagrado da Era de Ouro e transformar em gay?
   Se uma HQ se destina exclusivamente a propagação de uma ideologia, é recomendável que não se utilize de personagens consagrados para não deturpar seu conceito. Por exemplo, em “Holy Terror”, Frank Miller queria fazer a sua propaganda antiterrorista: primeiro ele cogitou o uso do Batman — mas Batman não mata e portanto não poderia protagonizar a história — então Miller criou “The Fixer”, um novo personagem, e transmitiu sua mensagem.
   Nas redes sociais, até os gays estão reclamando da atitude das duas grandes editoras e classificando essas ações como algo forçado e sem razão.
QUAIS OS MOTIVOS DESSA APELAÇÃO?
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   Quadrinhos vendem cada vez menos: ultimamente os escritores e artistas parecem ter esgotado sua fonte criativa e a concorrência de outras mídias colaborou pra derrocada dessa indústria.
   Uma das atitudes mais comuns hoje é apelar para grandes eventos que vão chamar atenção da grande mídia e trazer leitores ocasionais: isso levanta as vendas por alguns meses e dá uma sobrevida aos gibis… e este evento apelativo, em parte, se destina a isso.
   Outra razão é a decadência do conceito de super-herói: nos anos cinquenta, após a “Era de Ouro”, eles começaram a ser satirizados na revista Mad e tal sátira acabou se tornando uma expressão pessoal nos anos oitenta — em HQs como Watchmen, etc — e hoje é um gênero.
   A tal “desconstrução” do arquétipo do super-herói virou uma obsessão de determinados autores e nunca mais se viu o herói clássico… a não ser em revivals (como o excelente Tom Strong): a ideia de que as histórias de super-heróis devem ser supostamente realistas, apesar de ter rendido grandes obras, virou um gigantesco obstáculo para a criatividade pura.
   Então chegamos a uma época em que prevalece a confusão: os super-heróis não são mais figuras idealizadas e expressões de ideias de superação, nem a importância maior reside mais nos personagens icônicos, pois o foco se transferiu para a interpretação feita pelos autores ou a necessidade desesperada de vendas.
   Perdeu-se o sentido da existência desses personagens e hoje vale tudo para se vender mais alguns gibis: recrutar artistas com traço muito diferente do usual; escritores que põe os personagens em situações constrangedoras e relativizam a ideia de conflito do bem contra o mal; apelar para a sexualidade explícita, violência sem sentido, grandes eventos como mortes e retornos ou qualquer coisa que chame a atenção… é uma situação realmente desesperadora.
   As editoras não hesitam em pegar personagens de quinta categoria e trazê-los para a capa — como esses Estrela Polar e Kyle, personagens já sem importância nenhuma — o que importa é o evento, o que importa é a suposta caricatura de realidade que dê a justificativa pra existência de super-heróis.
   Os leitores mais velhos também tem sua parte de culpa, pois esperam histórias mais “adultas” ou que tragam alguma relação com a sua realidade pessoal: querem justificar para si mesmos e para a sociedade o fato de não terem mudado seus hábitos de leitura desde a infância.
   O mercado está desesperado e segue a demanda, porém isso não resolve o problema da indústria de quadrinhos, pelo contrário, é um agravante.
QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS?
   Organizações conservadoras dos EUA reclamaram que estes eventos podem influenciar as crianças a se tornarem homossexuais pela imitação dos personagens dos gibis.
   O argumento foi rebatido com a falsa ideia de que crianças não imitam gibis, que os gibis não são mais lidos por crianças (mas sim por “adultos com uma sexualidade formada”), ou mesmo com a ideia absurda de que isso seria uma boa influência e tornaria as crianças mais tolerantes à tal “diversidade”…
   É ÓBVIO que crianças imitam os personagens de filmes, gibis e qualquer produto que elas consomem pra se divertir! Nós crescemos colocando a toalha na costa e pulando do sofá pra imitar Superman! Usávamos qualquer coisa parecida com uma espada pra imitar Conan… e quase todo mundo sonhava ser o Batman!
   As crianças imitam cantores que veem na TV, dançarinos, videogames e tudo que é importante pra elas: e por que aquelas que vierem a ler esses gibis não irão imitá-lo?
   Aliás, não só elas, mas adolescentes também: não são somente crianças que se deixam influenciar.
   Adolescentes copiam seus ídolos do rock e da música em geral, artistas de cinema, novelas, esportistas… e muitos adultos fazem o mesmo: já viu quantas pessoas estão usando moicano por causa daquele jogador de futebol?
   Os mais velhos sabem disso: quantos começaram a fumar vendo filmes? Quantos começam a beber e usar drogas influenciados por filmes e bandas de rock?
   Eu mesmo lembro que quando criança (e mais tarde, como adulto) já fui influenciado!
   Mesmo que os leitores estejam na faixa etária entre 25 e 35 anos podem ser influenciados também.
   Hoje se comenta que as pessoas não passam da adolescência, não amadurecem — eu mesmo acho que minha adolescência foi até os 25 anos! —e vivemos em uma sociedade que privilegia a juventude (e uma posição infantil) perante a vida.
   Muitas pessoas chegam aos 35 (ou até mais!) sem ter uma personalidade formada, sendo até mesmo sexualmente indecisas ou influenciáveis… todos somos influenciáveis!
   Se essas campanhas são feitas para, supostamente, incluir minorias é porque eles sabem que o público vai ser influenciado… senão eles não fariam!
   Estude o behaviorismo e compreenda o que é o “reflexo condicionado”: a associação contínua de homossexuais à figuras de poder e sucesso (como os super-heróis) não nos leva a aceitação deles, mas pode levar a uma atração por esse estilo de vida… e esse pode ser o objetivo, como James Robinson, o escritor do Alan Scott gay afirmou:
   “I hope he’s a positive figure. If there’s some kind of kid out there who’s reading the comic and who’s worried about the person he is, maybe it will give him a positive sense of who he is” (Espero que ele seja uma figura positiva. Se há algum tipo de criança lá fora que esteja lendo o gibi e que esteja preocupado com a pessoa que é, talvez isso vá oferecer uma sensação positiva de quem ele seja).
DISTORCENDO O CONCEITO DE “SUPER-HERÓI”
   Super-heróis não são representantes de minorias políticas ou classes — eles são representações da superação individual em uma sociedade livre, em que o homem é capaz de lutar pela liberdade, pelo bem e pela felicidade — e, por isso, eles se desenvolveram nos EUA, um país onde tais valores são cultivados (ou pelo menos eram…).
   É disso que se trata o Homem-Aranha, os X-Men e o Superman: os super-heróis não tem sexualidade ou raça, eles tem ideais!
   Tire isso e você tem um ser bizarro com uma roupa estranha e a história não passa de uma festa a fantasia com brigas e, infelizmente, conhecemos um montão dessas histórias hoje: histórias ruins!
   Não precisamos que os super-heróis sejam fisicamente, sexualmente ou socialmente parecidos conosco: muitos podem argumentar que o sucesso de determinados personagens ocorre devido a essa identificação direta e eu próprio já pensei assim, mas hoje acho que não há nada mais equivocado.
   Quantas pessoas são fãs do Homem-Aranha sem ter nada de parecido com Peter Parker?
   Quantos se identificam com Tex sem ter nada de cowboy matador?
   Quantos são afinados com John Constantine sem mexer com a ciência das trevas?
   E o montão de gente que adora Batman sem ser um bilionário enlouquecido pela morte dos pais?
   E o Hulk, um cientista com dupla personalidade? Superman, um alienígena?
   O que nos faz criar identificação com os super-heróis não é a sexualidade, a cor da pele ou a situação social e personagens gays não vão atrair novos leitores: os gays que já leem HQs (e eu conheço vários) não vão comprar mais gibis.
   Era de se esperar que os autores de quadrinhos soubessem disso mais do que ninguém: a qualidade do entretenimento não se define por questões tão óbvias e superficiais. mas parece que atualmente os quadrinhos não se destinam mais a entreter, porém a concorrer a prêmios de direitos humanos…
POR QUE TUDO ISSO É UMA FARSA?
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   Quando a DC apelou mostrando a personagem Estelar convidando um cara pra fazer sexo do nada e quando mostrou Batman e Mulher-Gato trepando no telhado sem mais nem menos em histórias muito ruins, todo mundo reclamou.
   Quando mostraram o bebê explodindo e pessoas sendo esquartejadas todo mundo reclamou.
   Porque isso tudo é apelação.
   Mostrar gays casando e se beijando (ou todas essas coisas que citei anteriormente) porque “existem na realidade”, com o pretexto de “educar” crianças, é uma apelação absurda!
   Isto diminui o valor dos quadrinhos como arte e os transforma em um produto de baixa qualidade, subestima a inteligência do leitor e pode se transformar facilmente em uma influência negativa.
   A consequência mais grave é o deboche: antes esse material era o tipo de leitura estigmatizado como infantil, hoje corre o risco de passar a ser visto como uma expressão do ridículo, do puro mau gosto, como os programas de auditório da TV aberta que mostram “a vida como ela é”… e essa não é uma perspectiva animadora.
   Não critico gays, só acho que determinadas coisas não devem ser exploradas apenas pra gerar renda, com a desculpa do “politicamente correto”: todo mundo sabe que Marvel e DC Comics têm apelado, com sexo e violência, pra tentar vender gibis.
   Sexo e violência existem na realidade, gays existem na realidade, mas vir com a desculpa de que isso deve ser explorado como uma forma de “seguir as mudanças da sociedade” não procede.
   Explorar isso pra vender é de mau gosto e desrespeitoso.
   Usar quadrinhos pra propagandear ideologias é desonesto.
   Dizer que isso é um reflexo da evolução da sociedade também carece de razão — a sociedade nem sempre evolui, ela pode involuir: muitas grandes sociedades entraram em decadência quando seus valores primais foram desprezados e substituídos por novos.
   O conservadorismo não visa impedir o avanço das mudanças, mas selecionar quais mudanças devem ser feitas e como devemos executá-las: muitas mudanças não são positivas e não devemos propagandeá-las em gibis.
   O psiquiatra esquerdista Frederick Wertham criou, em 1954, o mito de que Batman é gay: Wertham acreditava que os quadrinhos deveriam ser usados na educação e, naquela época, o homossexualismo era visto como uma doença e problema social.
   Portanto, ele alertou que Batman era homossexual e isso seria uma má influencia pros jovens leitores de quadrinhos, assim como os gibis de terror incentivariam a delinquência juvenil.
   Em parte Wertham estava certo — os gibis realmente influenciam — mas sua lógica era desonesta: o que ele realmente pretendia era que essa influência fosse aproveitada de uma maneira positiva, na sua perspectiva (óbvio).
   É fato que suas ações geraram o Comics Code e os quadrinhos se tornaram mais “politicamente corretos” e dentro dos moldes dos anos 1950 — nada de violência e sexo —, mas a visão de Wertham sobre os quadrinhos aparentemente prevaleceu, porque ele defendia essa mídia como um instrumento pra moldar a sociedade.
   Na época atual, o conceito de “politicamente correto” mudou e as pessoas passaram a aceitar o homossexualismo… e o que fazem?
   Alegam que podem usar quadrinhos para fazer com que crianças aceitem esse comportamento, que sejam tolerantes ou adiram a ele, ou seja: o grande ideal de Frederick Wertham prevaleceu e os quadrinhos estão sendo usados como um instrumento de manipulação social.
   Quem for capaz de entender, entenda: a questão não é tolerância, nem diversidade, nem adaptação a atualidade. É PROPAGANDA!!
CONCLUINDO
   O casamento de gays seria motivo de discussão nos EUA (e até aqui no Brasil), seria um tema que traria mais substância pras HQs, mas analisando o impacto social que essas discussões realmente despertam e a relação delas com o conceito original de super-heróis, chegamos a conclusão que a presença desse tema em HQs é desnecessário e inadequado.
   Vinte anos atrás as revistas de quadrinhos vendiam aos milhões e hoje não chegam a cem mil: todos sabem que estamos a beira do colapso e as editoras estão desesperadas.
   Os fãs antigos, os poucos que sobraram, também veem sua maior diversão decair.
   Os autores não usam mais a criatividade e a inteligência pra fazer as histórias (como faz falta um Jack Kirby!), perdendo-se em ideologias, problemas pessoais, complexos psicológicos… expressões do seu eu que não cabem nos personagens.
   Para vender, os editores apelam com polêmicas baratas e, entre as soluções buscadas, está esse suposto “progressismo” de refletir uma realidade pós-moderna em mutação.
   O grande erro disso tudo é que o conceito de “super-herói” tem, em sua raiz, uma força conservadora: os heróis atuam pra manter os valores da sociedade atual, não para transformá-los!
   Eles não querem destruir, modificar ou se adaptar as mudanças no “sistema”: eles fazem parte da manutenção dele!
   Todas as revisões desse conceito devem ser brandas e acompanhar a tendência conservadora… a não ser que sejam sátiras: de Watchmen até Authority — chegando a Pro ou The Boys — temos sátiras a esse conservadorismo.
   Querem experimentar? Utilizem as realidades alternativas, os selos adultos… esses elementos de sátira não podem se tornar a regra: os super-heróis não deveriam se tornar caricaturas de si mesmos.
   Heróis que relativizam bem e mal ou que acompanham tendências progressistas da sociedade não são mais super-heróis: são qualquer coisa entre o anti-herói e o vilão, colaborando para enfraquecer o arquétipo do herói junto ao grande público… e, esse sim, é um dos motivos das baixas vendas.
   A renovação da sociedade cabe aos vilões, não aos heróis: o arquétipo clássico dos super-heróis — o conservador — é bem expresso no filme dos Vingadores e foi um absoluto sucesso mundial.
   Querem as editoras de quadrinhos se manter no mercado? Sigam esse modelo!
   Vir com apelações esdrúxulas não vai salvar os super-heróis, mas, pelo contrário, vai torná-los motivo de deboche… exatamente como são hoje, após o fenômeno “Crepúsculo”, as histórias de vampiro.
   Como reagir a mais este erro das editoras de quadrinhos?
   A solução é o boicote… e é isso que está acontecendo: onde estão as milhões de pessoas que liam quadrinhos antigamente?
   Não, não evaporaram todas: elas estão aí, mas de saco cheio de toda essa baboseira que vem sendo feita, preferindo as histórias antigas — onde se divertiam sem se preocupar se o herói era gay, negro ou qualquer coisa; onde a criatividade e imaginação imperavam e não era obrigatório e forçosamente óbvio refletir a realidade pretendida por grupos políticos — aquelas eram boas histórias em quadrinhos!
   Como muita gente tem dito: era a diversão que elevava nossa infância.
   As editoras de quadrinhos deveriam recuperar esse maravilhoso período, deixando de lado a satisfação de egos doentios e de interesses desonestos de políticos e comerciantes… apenas isso poderia salvar os super-heróis da derrota final.